terça-feira, 6 de dezembro de 2011

MEMÓRIAS DE UM SÃO PAULO ANTIGO SEUS HOTÉIS


MEMÓRIAS DE UM SÃO PAULO ANTIGO SEUS HOTÉIS


Os Hotéis na cidade de São Paulo  antigo no fim do século XIX não eram construções exuberantes e também não foram um grande número de construções. No entanto, as poucas construções podem ser considerados importantes para entender a evolução histórica, econômica e social da cidade de São Paulo no decorrer dos anos.
Como em toda sociedade os hotéis estão ligados ao crescimento socio-econômico e o desenvolvimento urbano de um lugar, então os hotéis se instalaram justamente nos principais pontos da cidade e esse desenvolvimento ocorreu principalmente no final do século XIX e início do século XX até os meados do mesmo século.
E nesse período a cidade teve vários pontos de desenvolvimento hoteleiro na região Central.
As regiões entre o Triângulo Central que cujos vértices ficam os Conventos de São Francisco, de São Bento e do Carmo e o Centro Novo serão interessantes para compreender esse desenvolvimento.
Com a virada do século o grande marco para o crescimento e industrialização da cidade está enfocado na figura do Imigrante. A partir de 1870 o movimento de chegada de imigrantes aumentou muito, atingindo a marca de 2.740.000 estrangeiros, isso em 1914, em grande parte : italianos,espanhóis e alemães. E muitos deles eram refugiados da primeira Guerra Mundial, ajudando assim, a urbanização da Cidade de São Paulo e a entrada de novas idéias  artísticas , arquitetônicas e culturais, enfim,  uma nova educação que mudava a cultura da região.

Atraídos pelo repentino desenvolvimento, São Paulo tornou-se um pólo de grande número desses imigrantes atraídos pelas inúmeras oportunidades que surgiram. Com isso, a cidade de São Paulo respondeu de forma imediata a essa situação com a expansão urbana através de diversos bairros e alguns identificados pelas comunidades neles predominantes.
Com a República a cidade ampliou sua área urbanizada e ampliou sua área central incorporando diversos edifícios públicos monumentais e o retalhamento das chácaras em seu entorno para implantação de loteamentos. A economia vinculada ao capital do café fez com que avanços tecnológicos e um capital jamais vistos. Surgiram vários bancos fazendo que a cidade perdesse os ares de provinciana, então a nova sociedade exigiu novos padrões de vida e de instalações.
A história de São Paulo foi diferente, por exemplo, do Rio de Janeiro que teve um aumento do fluxo de estrangeiros no início do século XIX com a chegada da Família Real e conseqüentemente no surgimento de hotéis e hospedagens. Essa demanda na cidade de São Paulo só teve crescimento substancial a partir dos meados do século XIX, com a instalação da Academia de Direito do Largo de São Francisco em 1827.
O historiador Antônio Rodrigues Porto, “a instalação da Academia de Direito foi o acontecimento mais importante para a vida da cidade de São Paulo em toda primeira metade do século XIX. A presença desse estabelecimento de ensino superior deu-lhe mais vigor e entusiasmo. Academia de Direito arrancou São Paulo do seu sono colonial e criou condições para alterar seus costumes tradicionais”.
Com o crescimento da cidade de São Paulo, dentro do contexto do século XIX, surgiu uma nova fase de construções hoteleiras e hospedagens e muitos ficaram na história.Em sua formação inicial de urbanização, o Triângulo Central, teve os principais hotéis próximos à Faculdade de Direito e às Estações Ferroviárias da Cidade, sendo um dos destaques desse período o Grande Hotel, construído por encomenda do alemão Frederico Glete, na Rua São Bento com o Beco da Lapa, hoje Rua Miguel Couto. Inaugurado em 1878, projetado por Von Puttkamer, era um edifício de três andares e que recebeu hospedes famosos como o príncipe Henrique da Prússia(1885) e a artista Sarah Bernhardt (1886). E Foi demolido em 1964 para da lugar a um edifício comercial.
O conjunto hoteleiro da Rua Mauá, antiga Rua da Estação, vizinhos das estações Sorocabana e Luz. Este hotéis são testemunho de uma atividade que foi bastante comum em sua época quando era uma área  de maior comércio de São Paulo, pois ainda é relevante o comércio nesta área nos dias de hoje. E seus hóspedes, segundo dados do DPH, eram “oriundos de cidades do interior do estado que ali chegavam através da Ferrovia para fazer compras ou simplesmente olhar as vitrines, instalando-se nestes hotéis pela comodidade e conforto”.
Os mais importantes, o Hotel do Comércio e o Hotel Federal Paulista, construídos em alvenaria de tijolos, são prédios de três pavimentos, em funcionamento até nos dias de hoje, porém, em situações precárias. Outros dois hotéis merecem ser lembrados os da Avenida Gasper Libero, como: Hotel Queluz e o Karin.
Nos anos 20 e 30, com as exportações em alta do café,  levaram à capitalização de recursos para a formação das primeiras indústrias de São Paulo, favorecidas pela mão de obra farta.
Implantadas ao longo dos terrenos das várzeas dos rios, por onde passavam as ferrovias, as fábricas criaram um novo perfil urbano e econômico e cultural da cidade, ampliando ainda mais seu crescimento. E com a crise do café nos anos 30 e a quebra da bolsa de Nova York acelerou e consolidou o processo de industrialização na economia paulista.
O centro Histórico ficou inviável para novos projetos e a malha urbana se espalhou entre a região da Avenida Ipiranga, Avenida São Luiz e Avenida Paulista. O crescimento de espaços públicos como praças, teatros e cinemas e o aumento da vida noturna com a melhoria da iluminação pública, modificaram os modos e costumes da sociedade paulistana.
Em 1930 São Paulo possuía cerca de 900.000 habitantes. Neste contexto, mudaram o perfil construtivo e arquitetônico. Surgiram os hotéis luxuosos, destinados aos grandes barões do café e os emergentes industriais e a invenção do elevador fez com que a altura dos edifícios ficara se expedisse. São exemplos dessa época, nos anos 20 a inauguração do Hotel Terminus, com mais de 200 quartos, localizado na Avenida Prestes Maia, onde hoje é o Edifício da Receita Federal, e do moderno Hotel Esplanada, atual sede do Grupo Votorantin com 250 quartos, um ponto de encontro da elite paulistana sendo ao lado do teatro municipal.
O Hotel Central, prédio histórico de autoria de Ramos de Azevedo, que era considerado um dos arquitetos mais importantes de São Paulo no início do século XX, “A década de 20 foi um período de grande efervescência intelectual na cidade. Iniciava-se a era da modernidade e os homens públicos procuravam também avançar na maneira de enfrentar a cidade que já despontava como metrópole”, diz  Marta Dora Grostein.
Após algumas mudanças de lei dos anos 30 e 40, que estabelece o alargamento de importantes avenidas na cidade, novo pólo surgi no setor hoteleiro, um exemplo  é o Hotel Excelsior, 1941-1943, projetado por Rino Levi, destaque na avenida Ipiranga como também dessa época o Hotel Terminus.

Um ponto importante lembrar foi, na década de 40 o desenvolvimento dos grandes hotéis. Com a legalidade do jogos de azar foram construídos vários hotéis – cassino, como: Parque Balneário em Santos, Grande Hotel de Poços de Caldas, Grande Hotel de Araxá, São Pedro. Com a proibição dos jogos de azar imposto por Getúlio Vargas em 1946, muitos fechou ou tiveram que se reestruturar.
Com certeza os hotéis e hospedagens antigos como: o Hotel Itália e Brasil, na ladeira do Açu, hoje início da Avenida São João em 1887 e Hotel D’Oeste, no Largo São Bento, esquina com a Rua Boa Vista em 1900,  são ums exemplos de hotéis simples e importantes para a história de uma cidade que se desenvolveu lentamente até o século XIX, porém no XX,  mostrou a potencialidade do povo que vivia aqui ou que vivem aqui e os imigrantes que tanto valorizou a nova terra.

Fonte: site www.sãopauloantiga/hotéis

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Talking about my father, comerciante, empresário e hoteleiro natural de Portugal, Antonio Moreira da Silva

Antonio Moreira da Silva nascera em Portugal, aos 28 de novembro de 1912, Penafiel, ao norte de Portugal, próximo a Espanha, aos vinte anos viera para o Brasil, chegando no dia de Nossa Senhora de Fátima, 13 de Maio de 1933, sua Santa de devoção, no Estado da Paraíba. Estabeleceu-se em um pequeno negócio de comércio de vinhos importados da Europa. Trabalhou em restaurantes e hotéis e após algum tempo deslocou-se para a Capital, Rio de Janeiro, neste momento foi sócio em um hotel com outro patrício, mas se estabeleceu definitivamente na cidade de São Paulo.
Foi quando conheceu aquela que viria a ser sua futura esposa, Srª Idalina Vardas Pedro, filha de um Fazendeiro natural de Orlândia, com fazendas em Assis-SP, e dono de um frigorífico em Osasco-SP.
Contam que Antonio batalhou bastante por Idalina, em face da natureza robusta de José Vardas Pedro, mas vencido todos os recatos casou se com a filha do fazendeiro em 1943. Desse casamento nasceram os cinco filhos, Idalzira (1944), Helena (1948), Marly (1950), Antonio (1953), e o caçula, Roberto.(1959)
Do período que Antonio Moreira da Silva se casou com Idalina Vardas Pedro, foram construindo juntos um grande patrimônio, chegando a possuir sociedade e outros como fundador, na década de 60 mais de uma dezena hotéis no centro da cidade de São Paulo, para citar alguns, Hotel Irradiação, Esplanada Hotel, Hotel Manchete, Hotel Excelcior, Hotel Elite, Hotel Riviera, Hotel Rio Branco, Hotel Belo Horizonte, Hotel Santa Terezinha (Filial e Matriz), Hotel Flor da Lapa, Hotel Eiras, Hotel do Sul, Hotel Marechal, Hotel Sergipe, Hotel Las Vegas, Hotel Argentina, este ficava no Rio de Janeiro-RJ, praia de Botafogo, e demais hotéis a serem relacionados assim que toda a pesquisa documental for finalizada.
Entre todos estes hoteis o Hotel Irradiação merece maior destaque porque era a antiga chegada da corrida de final de ano da São Silvestre, esquina da rua Santa Ifigenia com a avenida Ipiranga,  onde por vezes o empresário participou da entrega do troféu ao vencedor da corrida, junto com o prefeito da época, início da década de 60.
Atuou também como industrial do ramo de produtos químicos para limpeza, era a Supersol Indústria e Comércio, localizada no bairro do Limão, e comercial, proprietário da Adega Moreira na rua Líbero Badaró, sócio em uma padaria e um restaurante na rua Aurora, com parentes da família Moreira Cruz.
Em 1960 ele foi o primeiro hoteleiro do Brasil a receber o convite do presidente Juscelino Kubtschek para construir um hotel em Brasília, pois Juscelino desejava que os empresários nacionais, do ramo da hotelaria investissem em face da carência imanente da recém criada capital, o hoteleiro preferiu passar a frente, mas assim mesmo investiu na região, chegando a adquirir propriedades na cidade de Anápolis-GO.
A partir da década de 80 os negócios se retraíram em face da idade  e de problemas de saúde, isso fez com que o hoteleiro se distanciasse da administração direta dos hotéis, deixando os nas mãos dos sócios, e se desfez de grande parte deles
Em 1988, o Esplanada Hotel, no Largo do Arouche, e sua casa na rua Armando Penteado, onde morou por longos anos de sua vida, eram os principais patrimônios que preservara. No ano seguinte os problemas de saúde se agravaram. Veio a falecer em 09 de junho de 1989, aos 76 anos de idade, no hospital Santa Isabel, na cidade de São Paulo.

                     Casamento de sua primeira filha, Idalzira com Celso Junqueira Franco, em 1972.


O Hotel Irradiação está sento restaurado, tal como ele existiu nos anos  de 1950.

Antonio Moreira da Silva deixou cinco filhos, e oito netos: dois netos de Idalzira, Alessandra e Ricardo; três netos de Helena, Andréa, Renato e Fernando; um neto de Marly, Marcelo; e dois netos de Antonio, André e Tiago. Seu filho caçula, Roberto, optou por ficar solteiro, morando com sua mãe, além de ajudar na administração do patrimônio do pai.